Não existe astro do futebol se não ganha a Copa do Mundo. Não tem héroi militar sem ganhar uma batalha. Hoje, não tem grande escritor, se não ganha o Nobel. E este ano a América Latina está em festa, o peruano Mario Vargas Llosa é o indiscutível ganhador do Prêmio Nobel de Literatura.
O Peru inteiro comemorou após o anúncio realizado na Suécia, e como sempre os “figurettis” (pessoas que gostam de aparecer) chame-se Presidente, políticos e autoridades sairam na mídia para aproveitar a conquista, a qual, como todos sabemos não se deve em nada ao governo peruano. Mas sempre é legal ver um sorriso nas pessoas, um motivo para se sentir orgulhoso para um povo que sofre tanto.
Mario Vargas Llosa é um gênio, e como todo gênio sempre foi polêmico. Autor de numerosas obras autobiográficas e de carater social e político que marcaram de forma categórica o mundo literário latinoamericano e mundial como “La ciudad y los perros”, “Pantaleón y las Visitadoras” ou “Conversación en la Catedral”(recomendo). Ele foi capaz de deixar com um olho roxo de um soco a outra celebridade dos livros, o mestre Gabriel Garcia Marquez, dizem que por uma mulher.
Sempre teve uma posição política clara e foi crítico com o governo de turno. Mas, os momentos idiotas não são alheios aos gênios e Vargas Llosa tentou ser presidente do Peru. Ele foi candidato presidencial da direita peruana o que foi um choque pra aquelas pessoas que acompanhavam as idéias esquerdistas do seus livros. Acho que foi pior erro na vida dele ter entrado na política, e pela fama que tinha era total favorito para ganhar as eleições presidenciais. Mas nos meses prévios as eleições, a mídia deu atenção a um candidato saido das sombras, daquele que se apresenta só pra ver o que acontece e Vargas Llosa foi derrotado pelo até esse momento desconhecido Fujimori (aquele ditador de origem japonesa que governou o Peru por quase 10 anos). Depois disso, Vargas Llosa escreveu alguns capítulos amargos para os peruanos, como se nacionalizar espanhol em 1993, o que levou a várias críticas, até pediram para tirar a nacionalidade peruana dele.
Não podemos esquecer que este prêmio é mérito só de Mario. Toda essa festa nacional no Peru encabeçada pelos corruptos políticos de sempre, é só uma anedota. Um país sem escolas, sem uma educação digna, com índices de analfabetismo altíssimos não teria porque celebrar. Mas, tomo isso como um “aliciente” (algo que me motiva), como uma semente, como o primeiro passo para que se estimule a leitura entre as crianças peruanas e latinoamericanas.
Eu estou orgulhoso por este prêmio, não porque Mario nasceu no Peru, isso é um simples fato aleatório demográfico, estou orgulhoso porque ele difundiu nossa cultura, nosso dia a dia, nossos problemas e nossa peruanidade é conhecida por todo o mundo, é hora de celebrar Latinoamerica, a Copa do Mundo é nossa.
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